terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Vila de Frades


Duas laranjeiras em fronte do rústico portal
entro adentro da catedral de talhas de doce vinho
encontro tinto sanguíneo, branco e mestiço
bebo um pouco de cada um, muito de algum
sinto o estar de Baco a subir a minha cabeça.

Caminho entre estes portais em passo compassado,
ao ritmo do cantar, ao ritmo dos nossos corações,
somos muitos irmãos, somos um, o primogénito de Baco
em trajes de uma roma antiga fermentada em barro cozido.

A manhã vem breve, o sol seguinte faz iluminar
por trás de um muro de nuvens, fazendo parecer
uma longiqua montanha enevoada, o sitio de repouso
para onde irão, no fim, estes espiritos Dionisicos,
até nova evocação, incerta de data, garantida de promessa.

No corpo onde ardeu o etílico espirito, corpo de combustão
onde se queimam as ideias, até ás cinzas, de onde renascerá
tudo aquilo que for querido e desejado.

Por entre portais decorados de árvores de frutos, quer doces
como finas laranjas, quer amargas como verdes azeitonas.
Aceitamos esta invernil combustão que, ao arder, aquece ou consome
pelo melhor do coração.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Queda


  Nesta ilha de metal, sozinhos de todos, existimos,
dentro dela tentamos sentir o que dentro quer sair,
fugimos os dois em gelo falso, do grupo que nos insiste
converter à fria mortandade, por todos aceite e enjoada,
colocámo-nos em prancha de abismo, enquanto eles sorriem
em matilha, abraçámos o nosso mundo e saltámos um com o outro.

  Demorámos o nosso tempo a cair, breve tempo,
durante esse espaço amámo-nos como pudémos
quase que durou o suficiente pra ser uma eternidade
mas foi pouco, fomos fugazes no querer do nosso espaço.

  Base de suporte liquida, de amena viscosidade
onde viriamos a repousar o pensamento escuro,
foi berço de crescimento primário do homem,
com casaco de veludo sanguíneo e de outras vestes
de cores coalhadas, todas a acabar no mais nefasto negro.

  Homens, criados de todos, para todos
Senhores de tudo, criados por todos em tudo
Dentro de recipientes de vidro, individuais,
completos de homógeneo distorcido de palavras


  Nadámos no lago onde caimos juntos até uma gruta,
no seu interior fomos separados por uma cortina de água,
o chão sobre os nossos pés abateu-se, ficando um vazio,
flutuamos naquilo que ainda resta de nós, o vazio absorve,
o vazio dispersa o que resta de nós dois, sem nunca findar,
apenas dispersar até quase sair da visão colorida.



  Vôo o mais que posso, com todas as minhas crenças
forço-as ao limite de quase fúria orgulhosa, saio da gruta,
sobrevoo o lago, sobrevoo os homens que senhoriam,
admiro-os com pesar, eles ainda não entendem a altura,
descendo a pique até á gruta, a escuridão dela acalma-me
passeio o seu interior e faço dela o meu verdadeiro lar.






domingo, 2 de dezembro de 2007

Dentro do Tempo


Nasci num tempo em que tudo era de todos.


Num tempo em tudo era de todos os que ousassem sonhar,
num tempo em que o próprio tempo tinha uma outra dimensão,
dimensão que se fazia sentir diferente nas pessoas, o acordar
soava diferente, com o galináceo que sempre admirava o primeiro sol,
o caminhar que era mais manso e compassado de introspecções
puras e sabidas no sofrer, sofrer que ensinava activamente e que
nos mantinha nos nossos humildes lugares.


Tempo em que pensava que não tinha nada, e enquanto o fazia,
de barriga vazia caminhava o verão sobre a estrada de terra e pó,
de lama e ervas rasteiras, nos frios e chuvosos invernos,
ao atravessar pequenos ribeiros, observava os pequenos afluentes
que os formavam, que nos ensinavam com um pouco de pão duro,
um pequeno pedaço de toucinho amarelo de intenso ranço,
concentrado de amargo.


Sempre no mesmo modo miserável,
de roupa rasgada e descalço de animo arrastado
motivado apenas por aquilo que existia dentro,
sem influências exteriores, sem vidas de televisão, sem máscara
sem falsos profetas que simulam estender a mão
fingidamente calejada, sem exemplos modelo daquilo que seria
o ideal e o mais alto saber viver.


Sem a masturbação social que hoje existe,
que em tudo cria um querer ser.



Um dia quis ter mais, ter algo que me elevasse um novo estado
que me desse mais soberba, e assim invadi-me com ideias
senti a minha própria invasiva grandeza, como já a sonhara,
como todas as outras impiedosas, e sempre cruéis,
tomadas territoriais, com o sabor do aço na boca
o sangue a ferver por todo o corpo.

Coroei-me de grande e único senhor
de tudo o que a terra haveria de dar,
e tomar através dos altos céus, das profundas águas
do infernal fogo que, através dele, haveria de purificar e imperar.

No tempo em que tudo era de todos.

sábado, 24 de novembro de 2007

Claustros


Abro a porta do carro depois de mais um percurso nocturno
ponho-me a caminhar com os pés em bloco de inverno,
o chão está molhado da chuva que se finda aqui, caminho
pelo passeio de calçada e reparo na água que se esconde por entre
as pedras desalinhadas, caminho sobre o brilho molhado delas,
ele move-se comigo, num padrão próprio e igualmente desalinhado.


Tenho pensamentos de recluso que se sente preso entre o principio
e o fim, que se quer fazer sentir tão próximo, como se o desejasse,
tento descobrir porquê.



Começo por reparar na máscara que esconde o que está mais dentro,
é frágil, máscara que passados os tempos se torna parte exclusiva
ao ficar incrustada na alma, passando a ser a única face existente,
que tenta não sofrer, e por tentar, sofre todos os medos por aquilo
que nunca foi visto, medo a sujar até o mais dentro dos esqueletos.



Retiro a máscara castradora



Sinto o que estava escondido a começar a expandir,
ao crescer, o seu tamanho abrange tudo o que consigo vêr
tudo o que consigo imaginar e idealizar,
interajo com quem se encontra mais perto,
sinto a rudez das suas máscaras a apertar
ao ponto de esmagar e dilacerar as partes mais frágeis
atrofiadas e mortas pela asfixia social.



Volto a concentrar-me apenas em mim,
nas coisas que me fazem querer,
nas coisas que me fazem crer.
Estou completamente exposto aos elementos invasivos,
por uma existência mais plena de estímulos.



Começo por querer algo, pego num principio e faço-o evoluir
da forma mais detalhada possível de real e sofrer
ao limite de intensidade de uma vívida recordação
antevejo o desejo e a esperança e começo a nutrir o medo
pela aceitação que tudo tem um cruel e certo fim.



Encerro este pensamento clautrofóbico numa esplanada de máscaras,
sítio onde todos passam e todos sabem quem são os outros
um sítio onde ninguêm se conhece,
fazendo lembrar um bando de aves exóticas
que partilham o mesmo sitio de nidificação,
exemplo análogo de uma tentativa existencial simples e lógica,
em tudo primitiva e funcional de um majestoso coma
das reais capacidades daquilo que sente, sonha e entende.



O brilho molhado nas fendas desalinhadas da calçada,
que ao mover-se comigo, quis ser alinhado e recto,
fez-me duvidar.






sábado, 17 de novembro de 2007

Coiso


Em ponta fina de metal que expele limpeza pensativa
concentração de água fria que lava as impurezas mortas
aquelas que estão na terra e atraem as moscas
assim purificámos os nossos corações por um bater
mais compassado de sangue vivo.

Para que exista um receber mais puro de estimulos
em tudo quanto inspiro e aglutino,
ao sentar-me neste velho banco de madeira
decorado de torres e castelos a cair.

No tempo que parou por nós e cessou por momentos
o desmoronar deste mundo á nossa volta.

Em perturbado silêncio tentámos decifrar este pedaço
de tempo que foi e será para sempre apenas nosso,
e ansiando por entender o que vive em ti, quis
enquanto me atrapalhei com toques que me denunciaram
suspirei e senti-me vivo em ti.

Era tarde e afastámo-nos na incerteza de novo eclipse lunar
saimos de mansinho por entre as pedras que continuaram a cair
entre as mulheres que espreitavam ás janelas das portas de madeira
e a sul permaneci a ver o por-de-sol a norte.

Estremeci.

Ao vê-lo descer as escadas a sorrir, amei-o pra sempre.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Monocromático


Hoje saí do sono com a mesma visão escura e baça.

Com a mesma perspectiva periférica que observei as ninfas
abissais e os altos vôos seguidos da sua vertiginosa queda
nos sitios de água desconhecida e turva de ansiedade,
onde territoaliza o Sonho.


Levantei-me da cama de madeira escura de verniz gasto
ainda de movimentos arrastados, dirigi-me à água que correu
mais próxima, em missão de renovação ocular, no encontro de
água descontaminada de incerteza, plena de brilho
consegui repôr alguma clareza e recalibrar a ferramenta
que pensa ser introspéctiva.


As cores não conseguiram fazer o seu habitual sentido
senti-as diferentes de significado e confundi o que reflectiam
reorganizei-as em dois sitios distintos, um agradável e outro
infeliz, adoptando uma visão colorida de sentido monocromático .


segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Lua d´Inverno


Recebendo a parte de luz clarividente que nos foi destinada
tivemos a absorção que foi limitada por nós próprios ao desejar
em total acordo tudo o que nos foi dado.


Convalescente-mente aceitámo-nos.


De partes mais pequenas, de insignificantes tamanhos que somos
em fronte deste interlúdio singular, aparentado com o temido caos
sempre que menosprezamos com o suposto entendimento,
em tudo redutor, em tudo lancinante pelas sombras no espaço do mais
profundo consciente, primitivo e animalesco de subserviência.


Procuro entender observando a paisagem sozinho,
vejo as pequenas elevações a sul que a terra faz,
as variações de tonalidades nos socalcos circundantes,
sinto-as sob a forma de sopros de luz que esbatem no
meu consciente, corro ideias de descrente que começa
por querer acreditar, mas porém, apenas julgar e condenar
ao tentar soprar de volta as imagens prós sombrios socalcos
da terra.


O pôr-de-sol está próximo, o frio nocturno começou a descender
sobre mim, sobre a minha cabeça, sobre esta parte de terra,
em breve deixarão de se distinguir os sombrios socalcos
das pequenas elevações terrenas onde repousarão aves negras,
momento em que os questionares se unirão numa única lua de inverno
orgulhosamente gélida e pálida, que nos revelará por dentro,
todos os mistérios feitos de desejo e medo.


segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Segundos



Observei o meu reflexo num espelho velho
gasto de imagem em crescente absorver,
esta repercutida visão do invólucro da alma
e mais vi, tudo aquilo que quase senti,
olhei-me de soslaio em firme estátua
suja deste mesmo tempo que ainda há-de passar
e fazer-me querer quase viver.

Introspécto-o, ao vêr-me escondido nele.

Numa celebração geracional de existências sabidas
do anterior vivido e em quase aparente desuso ,
salto pra um modo que prenuncie tudo o que será,
ritualizamos os breves desejos em uníssono
pela mesa redonda de lâminas que nos ferem
pela proximidade tão primitivamente gravitacionada,
misturando os nossos sangues compostos de seivas
perfumadas de fluidos aprendidos.

Aproximei-me demasiado, de lingua sentida
e ao ficar contaminado por mais uma visão
embora alheia, em tudo passou a ser minha
reformulando o que está escondido dentro
com uma apresentação a mim mesmo.

Apercebendo-me que o tempo passa como doce veneno
e eu passo pelo seu efeito com ele, dentro dele.

Sempre dentro de nós, sempre dentro dele.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Nutshell


Divagantes nocturnos, somos
enquanto deambulamos pelo esquecimento dos outros
em busca do que se esconde lá dentro,
do mundo que mais se acanha em revelar os seus intentos.

Lá fora chove insensatamente sobre uma mesa vermelha,
as gotas de água que lhe caem em cima findam-se nela,
como numa ultima homenagem de mártir elementar.

Dentro de casa, as traves de madeira absorvem
a humidade a mais no ar, a luz das velas enaltece
a minha solitária presença com vultos de sombras
e luz amarela ardida, gosto de me encontrar
nesta casa perdida, ela está viva e convida-me
a sentar e servir-me dos seus cheiros de madeira
crescida de sombras de noite fria de inverno.

Leio a chuva que cai no inverno exterior,
cai separada em goticulas menores,
cada uma sozinha entre tantas,
vejo o capitulo da mesa vermelha,
a água aglomera-se sobre ela, dizem-lhe coisas parecidas,
cada uma com o seu discurso único de gota,
terminam todas concluindo no mesmo sitio,
sobre o vermelho, sobre elas próprias.

Como se entendessem no fim, que vêm todas do mesmo
único sitio de água, antes do inicio da sua queda combinada

Certo é o inverno frio dentro de mim.

domingo, 14 de outubro de 2007

Ontem




Tentei chegar a casa com bagagem de cadáver flutuante,
sob um luar que empalidecia as partes que mais sentiam
a hora aproximáva-se e ainda não tinha onde me sepultar.




Não me recordo de onde vim nem pra onde vou,
alguêm chama-me numa colina, alguêm que também
me parece andar a divagar, embora num modo mais confiante
daquele que eu sinto e vejo em mim, sigo atrás arrastando
o corpo desalmado e pálido de sangue.




Movemo-nos com sangue frio nos entrespaços que separam
as casas das ruas, o passeio de calçada dos que buscam e quase
nunca encontram o caminho dos não-escravos.




Encontro-te




Tu, num momento cheio de inesperado
fico como nunca fiquei dentro de uma parte
de mim que desconhecia existir na realidade
Querida, a uma distância de década existêncial
a uma distância encurtada a um mero nada.



Desconheço a melhor forma de agir, nunca tive que o fazer
sendo a única coisa possível, dialogar



Ontem

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Fada Verde





Inspiração de cor verde esmeralda,
misteriosa forma de êxtase que me
reconforta através de um doce dogma.

Sinto a influência de mim mesmo,
todos os estimulos vêm de mim
á minha volta tudo acontece sem
a minha presença.

Fundo-me com a fada-ninfa alucinogénica,
enaltece-me suavemente o ego, acariciando-me
com explosões de cores ricas e difusas,
atingindo estados de consciência em que
sorrio com a convicção de saber o puro
das coisas.

Serás sempre a mais fiel confidente.

domingo, 7 de outubro de 2007

Estrada de Traços




Percorro este caminho pela primeira vez
neste modo de condução igual a tantas
outras vezes, percursor permanente
atento ao que apenas é meu ao percorrer
o caminho dos outros nesta estrada de traços.



Viajo pensamentos recorrentes de alienação
reencontro velhos conhecidos, momentos de paz,
fugindo ao volante dos habituais tormentos
feitos de invasão e consequente enclausuramento
decorado de brilhos e de promessas vazias.



Como uma dança orgânica ensaiada
percorremo-nos nestes caminhos
sentindo uma próxima familiaridade
existêncial do conhecimento de tudo
aquilo que nos invade impiedosamente.



Encontro aquilo que procuro em alguns instantes
vazios, numa brisa marinha que vem de longe
numa gaivota sozinha, no movimento da água
das ondas e o seu soar quando recolhe ao mar
o harmonioso trepidar na areia molhada.


Liberto-me,

Desta complexa rede de falsas prioridades
através de uma sublime aproximação ás simples
coisas residentes que estão proibidas de entrar.











terça-feira, 2 de outubro de 2007

Redenção Rendição


Presa a um corpo quieto de vida, assim te encontrei
os teus olhos expressaram aquilo que apenas
nós dois entendemos, não foram proferidas
palavras, embora elas tenham sido tentadas


Numa vã tentativa de diálogo vociferado,
numa triste tentativa de distrações benditas,
ainda assim tudo o que tinha que ser ouvido
pelo coração fluio de uma forma plena


Plena de sofrimento no lamento do que foi e já não é,
cheia de partilha por aquilo que sempre foi puro e
insintivamente bom, e no fim foi o que restou de valor


O que a alma escondeu, o sangue disse.


Nunca te vou esquecer...!

domingo, 30 de setembro de 2007

Conflito


Queremos dar aquilo que não podemos ter
camuflando com altruismos os nossos divinos
egoismos, como poderemos ser plenos se
desconhecemos o que assim nos torna.


Expresso o meu silêncio em simbólico luto
ao que ignoro, ao que tento, a mim.


De que matéria é feita aquilo que nos sustêm,
de que luz, de que cores, de que perspectivas,
enfim, de que propósito...?


Absorvo tudo aquilo que sinto, as contaminações
tóxicas provocadas pelas arritmias existênciais,
regurgito do mais íntimo tinta, papel e Absinto


Conflito

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Retro Regional


Branco voluptuoso, seio de luxúria em contraste
com o negro desejável, ocupado de tudo o que se
encontra em seu redor.


Todos os espectros dançam com as invisibilidades,
aquelas que se encontram nas luzes e nos fumos,
nas espirituosas e nos desocupados entretantos
protegidos pelas sombras.


Numa silênciosa e expectante celebração pelos
primeiros ofuzcantes raiares matinais,
dançamos um pelo outro vangloriando
os intervalos espaçados antes das nossas
mortes.


Antes dos nossos esqueletos se tornarem inertes
e descontaminados pelo bater dos nossos corações.


domingo, 23 de setembro de 2007

Singularidade


Somos Petalas brancas sabendo a amarga existencia da doce decadência.


Somos pedacos de coisas disformes feitos de algumas parecensas
dentro de toda a diferenca que o ar nos faz crer,


Petalas brancas, de cruel descrença, com toda a indiferenca
de quem um dia nasceu e parte de si não quis ser


Petalas brancas, pretas e vermelhas, de mais cores ainda,
de todas as cores de perspectivas que a vida permite conter.


Soltam-se da flor, desprendem-se do florescer,
para nunca mais à sua origem voltar,


Petalas que a uma brisa eterna desejariam ser,


Sendo no fim permitida apenas uma ténue escolha,
antes de na velha folhagem esmurecer
qual flor, no fim da queda, ajudar a fortalecer.



Hoje caimos em sitios confusos, alimentando caminhos difusos.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Percursor


Tento repousar sob um confinamento de rede metálica
enquanto absorvo o seu frio estéril, durmo com sonhar
definido de crente, antes e depois de te querer até...

Sangrarmos o nosso amor

Impulsionado pelo tédio, força motriz que contrasteia
o comodismo do conforto do que é inerte e desprovido
de sangue novo, anseio

Por todos nós

Fico expectante pelas manifestações brutas que as
tempestades tão bem exibem, entedermo-nos
em perfeita sintonia, agradeço com a maior
gratidão e vergo-me perante com toda a minha
Soberania

Pondo-nos nos nossos lugares, mais por mal
que por bem.

Por Nós.

domingo, 9 de setembro de 2007

Ser


A Sonhar...

Desperto, sento-me na cama.

Liberto o profundo e fantasmagorico bocejo daquilo que foi sonhado.

Programar pra modo de sobrevivência.

Confirmo os meus desejos.

Abraço os meus demónios.

ORDENO-ME

Observo o involucro, raspo a carapaça, sabe-me a algo de quase bom.

Sinto-me.

Estou quase pronto.

As minhas pernas estão na sua plena dinâmica.

Sinto que espreito o poder proveniente do meu interior, acredito.

Sorrio desconfiadamente.

Sou

Querer Ser




Acordei cedo, aos primeiros raios solares
aos ainda, e sempre, raios lunares
que me eclipsam o consciente diurno e
ao mesmo tempo enaltecem em mim
tudo aquilo que vive e respira á noite.

Quis!

Tudo o que se permite verdadeiramente a Ser.

Observei de imediato que, sempre que,

as entidades flutuantes se encontram em terra
ganham o poder não divino de nada ter como seu,
e então começa a fria aquisição de territorios
através da invasão das almas e dos corpos,

"eu vi, eu vim, eu venci."

Como consequência da simples constatação,
de que nao temos de aceitar de forma vegetativa
as feridas causadas,
sejam de formato casual ou pelo coracao!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Uma Crença


Flutuando naquilo que sólido e compacto com as coisas
que nos sustêm ao material mortal,

Sou.

Fui tudo deixando de o ser no tão cruel e breve instante
sentido por mim no momento do Sonho.

As ninfas observaram-me durante a ascensão do triunfante vôo
até á menos majestosa e esperada queda no profundo e negro,

Abismo

Querido por e para mim.
A queda é profunda com a negritude avassaladora
que perturba o espaço interior e o Tempo terreno

Dá-me aquilo que é indecifrável, o infinito, toda a morte
que ainda existe pra ser vivida e egoistamente sentida
observei todos os familiares queridos, eles contaram-me
o que neles já estava perdido, os males do vivido
quando entre eles deparei que a paz apenas coexistia com
aqueles que já tinham morrido.

Na congregada sala juntei o que ainda ardia entre as cinzas
simbolismo flutuante de tudo aquilo que nos tráz a paz
a Harmonia em oscilações de vôos e quedas
que em vida são os frutos do conhecimento

Que ao findar da floração nos são trazidos,
dizendo que a vida é divinamente sofrida.

Despertei

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Capricórnio a seus pés


Mordida ao nascer pelo frio mais gélido de um pássaro de neve,
foste enregelada por esse estranho destino,
Princesa que nunca sorri.

Invocando tudo aquilo em que acreditas verdadeiramente,
anulando que os factos, antes de o serem,
no seu exterior, não passam de vãs suposições,

Espalhas um eclipse, onde e quando o sol brilhe.
Sempre que o sol brilhe a meus pés.

Ao fusco-lusco aproximas-te, e como a neve,
falo gentilmente pra que possas ouvir-me,
eu sei o teu medo. Ele esta a crescer...

Ele ainda irá crescer mais e eu vou contar-te verdades
que já conheces, nao vais gostar, mas tambem verdades
que nao conheces, irás sorrir antes de desacreditares,

No fim, o sinal da cruz irá acompanhar-te à cama em Capricórnio.

Sempre com Capricórnio a seus pés,
prestando vassalagem, orgulhosamente submisso!

O teu medo está a crescer.
Tu conhéce-lo bem, sabes que faz parte de ti,
quanto mais o sabes, maior é ele em ti.
Ao conhece-lo, mais sorris por o saber, e tens medo.

Destinados ao vento mais tumultuoso que sopra
nesta tão nossa alta e violenta montanha,
Irás subila, pois sabes que a tua Pedra Filosofal
se encontra no seu topo, até que todo o medo
seja a harmonia absoluta.

Tudo em ti...

Serás o mais profundo receio de todas as pessoas,
o elemento mais reconfortante,
e tal como todos os conceitos aprendidos com o sofrimento.
irás simbolizar todo o medo de todos, em contraste com aquilo
que não foi vivido pelos demais, e depois...

Eclipsaras tudo com a tua fria e crua realidade,

Fria como o pássaro de neve e crua como
todas as fraquezas de ser humano.

Leva-me na tua doce e sinistra subida!

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Coisas




Inspirado, extaseado, algo em câmera lenta,
cada detalhe num só instante...

Sinto o meu raciocinio arrebatado,
acelerou tanto que parou com o sobre-aquecimento no
sistema pensante.

Como conseguiste?

Foi como que um salto por cima de uma vedação alta
feita de arame-lâmina no topo, num salto atrapalhado e eficaz,
Mas, infalivelmente destruido pelo constante eclipsar
que faz parte de ti,
um eclipse de incertezas perante todas as coisas boas.

Essa necessidade tao humana de tentar melhorar
as ideias simples e puras, ignorando que,
qualquer tentativa de retocar algo puro apenas
o pode tornar mais imperfeito, falivel em dinâmica, efémero...

A facilidade com que se nega a existência do simples e puro,
como se negassemos um presumivel contrato com o diabo,
em que a nossa moeda seria a alma, em troca de uma felicidade
momentânea.

Quantas vezes vou aguentar estes contratos falhados?

Quantas vezes oferecerei a minha alma?

Sei que, sempre que for feliz acabarei por perder
parte de mim, nao sei quanto, mas sinto que algo...
Sei que deixo de poder sentir a parte que ja sentiu,
e o medo de o saber com cores mais negras,
como o viver de um pesadelo.

Embora nao deixe de ser uma estranha forma de superioridade,
negra como um abismo infinito, no qual aceitamos cair com orgulho,

Orgulho de quem sabe ao que veio,
constatando que o amanhã foi ontem!

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Alma Mater




As gravitações desconhecidas que nos circundam,
as poderosas forças vitais que definem tudo quanto conhecemos,
de forma inevitável e invisivelmente atractivo,
tal como todas as nossas grandes ambições.

A inocência que nunca existiu pode ser avassaladora,
se tivermos a capacidade, a maldição, de ter essa noção
de uma forma mais completa...

Mais, sempre mais,
até que seja alcançado o absoluto, o infinitamente mais...

E depois...

Tudo pára num só momento!

As pessoas tornam-se inertes, o som transforma-se em silencio,
e apenas uma brisa... uma fresca e harmoniosa brisa,
tudo acontece em câmera lenta, como se circulase no interior
de uma redoma translucida em que o tempo seria de um dominio superior.

Tudo Vem!

Numa explosão perpétua!
A ira do vento a arrastar tudo á sua passagem, a purificar
até o mais simples, até o nada absoluto!

O equilibrio estará novamente a ser o agora,
a calma será o estado mais puro e abrupto presente em tudo,
surgirá então de novo a vontade de mais...

Pois nunca seremos mais parte de tudo do que tudo é parte de nós!

Acompanhados pela Solidão







Recéptaculos de doce aroma, em conflito de ódios,
em raiva fecundante descendendo do mais profundo céu
até ao mais frio Inferno, congratulo do mais dentro
e regurgito toda a aceitação

Harmonia

Olhámos um para o outro, odiámo-nos,
o silêncio dos culpados, amigo do querer
aceita o que sai, de quem vê e de quem insiste em ter.
Deitámo-nos no extâse dos calados

Herécticos

Profana linguagem de côr libidinosa do negar o tanto querer,
do aceitar como nosso nada ter na abundância

Tudo

Ontem tivemo-nos, com corte fino de faca bem afiada,
hoje calámo-nos, para um nunca mais falar

Sempre

Esquecemo-nos de nós em sitios iguais
conhecemo-nos em sitios diferentes.

Agnose




   Inspiro o ar que não me é bem vindo até o mais dentro
de mim, suspiro-o com aquilo que me vem das entranhas,
com as coisas que não fazem lá falta.

  As lágrimas que são expulsas, elas tem a mesma origem
no mesmo ar, ele não é meu, não o quero, mas
tenho que o continuar a utilizar,
filtrá-lo e aglutinar tudo o que de mau vem nele.

  O meu corpo tenta livrar-se da contaminação,
chora e contorce-se, ora com a maior das iras,
ora totalmente letárgico numa vã tentativa de cura,
numa vil tentativa de morte.

  Negoceio comigo um fim para um novo recomeço,
embora o conceito de recomeço não deixe de transparecer
a cobarde negação dominada pelo instinto natural de subserviência e
auto-preservação que, neste ponto, não consegue deixar de me fazer
sentir inferior no entretanto, e no entanto,
um instinto completamente soberano.

  Rainha agnose, razão dona daquilo que é meu, de mim,
a realidade maior dentro da realidade,
o confronto maior com o derradeiro Fim.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Green Afterlight



Névoas laranja de ofuzcamentos lumeniscentes .
Com tragos doces e verdes que apenas apresentam
o que palpita nas coisas de dentro
a escuridão é clarividente, mostra-me pedaços de ti,
diz-me o que acontece em mim.

Como o fumo que inspira as coisas pequenas.


Da forasteira invasão absorvo,
daquilo que não vem de longe sofro
interiorizo com a vizinha Agonia
regozijo-a com uma certa alegoria

O idoso que aguarda numa esquina
com cajado velho de madeira,
que suportára tudo aquilo que sentira
envolto em névoas laranja ofuzcante

Relembrando

Os tragos doces e verdes que nos entretantos permaneceram.