segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Dois, Mil e Nove


Noite desejada em toda a sua amplitude sensorial,
embora mais fria que têmpera, aos olhares trocados,
às palavras que não ficaram por dizer.


Hoje sou quem não se importa com o tempo que passa,
através das ideias que nascem em rapidez emergente,
das coisas que tiveram demasiada presença existêncial,
ideias que ainda mais rapidamente se desmaterializam
numa neblina friamente sentida em cada poro coberto.


Hoje sou quem não se importa com o tempo que corre
através das ideias, das coisas que exigem o vagar para
se perderem no esquecimento, pensamento repugnável
de piroso que devéras é, em que um silêncio composto
de poético-depressivo seria, certamente, de mais
bom gosto, mas hoje é o que se arranja.


Hoje sou o fumo que sai do interior ainda vivo,
bafo de carne em sangue quente que retém o inspirado
composto de fumo a ar exterior, processo por dentro
em pensamento travado.


Num sistema de flama lunar, engrenagem composta
por intantes de satisfação lançados para o topo da mesa,
trespassamos por dentro das almas as laminas em fogo
e como num pensamento em remissão do prazer
tudo acontece velozmente, passa e deixa de ser.