terça-feira, 29 de abril de 2008

Os mais bem esquecidos



Quinta noite, dentro do tempo que nos mostrou
o cheio preenchido pelo ócio, da natureza que se viu
e que por alguêm foi merecidamente retirado
a outro que reteve o poder soberano de um global
violentamente usurpado.

Bocejo, o côncavo expirar de um cansaço de um instante
antes inspirado, desmotivado numa superficial reflexão
não de um dia ou tão pouco de alguma hora passada,
apenas num único momento, em que me rendo ao que submerge.

Corrente fluida de seres crentes num raciocinio volátil
que se completam num quase algo, sempre obedecendo
ao infame perigo dos segundos palpites,
o risco dos segundos palpites que tão bem sabidos
sempre nos ensinaram a sua cruel natureza.

Ensinei-me com aquilo que tu aprendes-te,
em casual sequência de estimulos partilhados,
vindos dos lados mais escondidos na sombra,
por debaixo das pedras fincadas em chão de terra,
que abraça com raizes antigas que já não transportam vida,
e nelas apenas restam vestigiais seivas de memórias.

A memória morta que insiste em rasgar,
por debaixo da minha almofada,
o mundo desprezado e selado que impunha as trevas,
a memória de quando tu ainda lá estavas.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Espectro


Depois de terminar outra manhã, fim de mais uma lâmina matinal,
ela é sempre a primeira a despertar, sinto-me bem com o seu frio,
corte de aço afiado que não questiona, nele apenas é o fino corte,
aquele que impera.


Deixo de me interrogar acerca de mim, do meu estar,
do meu pra onde ir, acontece apenas por alguns instantes,
são breves, patrocinados por uma aérea sonolência,
momentos em que consigo alguma plenitude silenciosa,
como que em justa admiração por algo concluido.


As coisas que surgem acompanhadas pela solidão,
os pequenos pensamentos de tão natural insatisfação,
chegam como gélidas gotas de chuva numa manhã de inverno,
daquelas em que rapidamentente se vislumbra como vai ser
o resto do dia, nebulosidade constante que permite.



As rajadas de vento que vagueiam no exterior,
os ramos das árvores fazem dançar a folhagem nas extremidades,
em inocente desespero, são invadidas como que por espectros,
invisiveis fantasmas de noivas solitárias que trespassam tudo,
na sua aflita procura por um pacifico altar sagrado que não existe.


Desvanecem, desapareço um pouco também, necessito,
o silêncio provocado, provoco o gratuito aceitar do cansaço,
por um lado não o deveria permitir, mas ainda continua,
parece-me vital, sonho e desperto mais uma vez.