terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Hum.

   Ainda por cá, sim, ainda continuo a encontrar o vazio residente
no brilho da chuva que cobre as superfícies, 
preenchidos pelos valores que eu construo, nada nem ninguém
é mais que aquilo que eu digo, nem mesmo tu,
que tantas coisas tens lá dentro, coisas que estão
organizadas num completo desatino que tu és.

Não sabias? Sim, sou eu que dito a ordem natural das coisas,
apesar de aceitar a falta de consciência de cada um de vós,
apesar de não saberem aceitar a razão maior dentro de cada
gesto, apesar de toda a minha imperfeição.

Egocêntrico, megalomaníaco?
Talvez sim, talvez seja apenas a tua falta de esperteza a enganar-te,
novamente, sem desconfiares e ao mesmo tempo a saberes
com todas as certezas que se está perdida não é
apenas mais um acaso.

Até os gatos sabem o seu lugar na cadeira velha que os ostenta.




quarta-feira, 7 de novembro de 2012

ParaLisa

Se me deitar no chão com olhos postos nas nuvens
que se arrastam, se formam e se disformam lá em cima,
imagino-te a seres tu mesma.

   Com as palavras que agora escrevo digo-te ideias
contidas num universo interior, sitio onde estas mesmas
palavras possuem uma vida real, realidades paralelas,
mas ainda assim, tão possíveis que estão neste preciso
instante a acontecer.

Existe uma casa, existe lá dentro um homem e uma mulher,
existe uma mesa, existe incenso a arder fumos,
existe um principio infinito, tão infinito que nenhum dos dois
se atreve a antever ou, tão pouco, a antecipar seja o que for,
ambos sabem reconhecer a luz que se acende dentro de cada um
deles, a luz é frágil, na parte inicial de uma vida, seja ela qual for,
tudo começa simples e delicado, o que no principio é
uma singularidade rapidamente se transforma num universo
novo em expansão, o medo que o escuro e uma partícula de luz
provocam não são de temer quando existem  luzes ténues
de pequenas velas no interior dessa singularidade,
luz que é trémula mas no entanto consegue embalar mais
que apenas uma consciência.

Um dia estarei num universo não contido...

 


sábado, 3 de novembro de 2012

Eu e a Chuva




   Durante o voo vertical as nuvens transfiguram um novo
alcance longínquo, os pássaros podem ser tocados
em pleno céu, as suas asas acariciam os ventos e as
brisas e todas as coisas que passam aqui em cima,
agora vejo que nesta altitude as nuvens baixas
estão à mesma distancia quando vistas do chão,
causam uma vertigem inversa.

   Existe um céu por cima do céu, existem horizontes
com outros horizontes, existem ideias que crescem e
amadurecem e cheiram e sabem a descoberta.

   Agora já não consigo entender a profundidade,
as nuvens que fazem sombra sobre outras nuvens
assemelham-se a montanhas num sonho passado
num planeta distante, antes de chegar ao chão
lembro-me dos teus olhos fixos nos meus
e das palavras que nunca dissemos.

 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Guerra das estrelas.

La fora estava um céu nocturno, estrelas que brilhavam,
em aparente suspensão eterna observavam-me os
passos novos numa rua igual, cada detalhe de como sentia
as pedras da calçada estavam sujeitos a um qualquer
escrutínio divino, todo o universo infinito,
eu a tentar perceber o meu lugar nele,
imaginava coisas ainda maiores que todo o
universo.

Todo o universo surgiu de uma singularidade, uma partícula
que apenas existia só, num aparente vazio, explodiu e
dispersou-se numa velocidade crescente, que ainda hoje
continua a crescer, tal como todas as musicas começam
com uma nota solitária.

Sim, quero pertencer-te, sem culpas, pode ser?

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Preciso

 

 De novo ausente, acordei com um pé a dar um passo tímido
para fora daquele sonho, quando despertei reparei que estava ausente
desta realidade, sentei-me na cama enquanto esfreguei os olhos numa
tentativa qualquer de alguma coisa que me estimulasse a consciência,
enquanto esse processo decorria levantei-me e vesti-me
de roupas à pressa, o sol já estava a espalhar a sua luz no horizonte
coberto de névoas rasteiras e os gatos corriam pelo quintal
numa urgência final de noite já acabada, com a mesma pressa
com que eles pulavam por cima dos vasos de flores
assim saí eu de casa.

   No fim da linha quando a descoberta foi a viagem
tudo o que teve de arder, ardeu, agora é apenas lume apagado
com algumas brasas fantasma encobertas pelas cinzas.

   Uma espera infinita, que ridículo seria se assim fosse,
quase que me faz rir, quase que me provoca alguma coisa,
afinal a jovialidade sempre foi casada com a simplicidade.


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Agora e sempre






A postura e a linha de pensamento caminham de mãos dadas,
por estradas e trilhos de contemplação, em movimentos de batidas
e cordas em vibração, que são na sua origem a percepção de todas
as coisas que vemos e sentimos, que cheiramos e ouvimos e todas
as coisas que imaginamos, sendo a imaginação a percepção
mais divina por entre todos os sentidos devido à sua infinitude.