terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Vila de Frades


Duas laranjeiras em fronte do rústico portal
entro adentro da catedral de talhas de doce vinho
encontro tinto sanguíneo, branco e mestiço
bebo um pouco de cada um, muito de algum
sinto o estar de Baco a subir a minha cabeça.

Caminho entre estes portais em passo compassado,
ao ritmo do cantar, ao ritmo dos nossos corações,
somos muitos irmãos, somos um, o primogénito de Baco
em trajes de uma roma antiga fermentada em barro cozido.

A manhã vem breve, o sol seguinte faz iluminar
por trás de um muro de nuvens, fazendo parecer
uma longiqua montanha enevoada, o sitio de repouso
para onde irão, no fim, estes espiritos Dionisicos,
até nova evocação, incerta de data, garantida de promessa.

No corpo onde ardeu o etílico espirito, corpo de combustão
onde se queimam as ideias, até ás cinzas, de onde renascerá
tudo aquilo que for querido e desejado.

Por entre portais decorados de árvores de frutos, quer doces
como finas laranjas, quer amargas como verdes azeitonas.
Aceitamos esta invernil combustão que, ao arder, aquece ou consome
pelo melhor do coração.

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