sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Coisas




Inspirado, extaseado, algo em câmera lenta,
cada detalhe num só instante...

Sinto o meu raciocinio arrebatado,
acelerou tanto que parou com o sobre-aquecimento no
sistema pensante.

Como conseguiste?

Foi como que um salto por cima de uma vedação alta
feita de arame-lâmina no topo, num salto atrapalhado e eficaz,
Mas, infalivelmente destruido pelo constante eclipsar
que faz parte de ti,
um eclipse de incertezas perante todas as coisas boas.

Essa necessidade tao humana de tentar melhorar
as ideias simples e puras, ignorando que,
qualquer tentativa de retocar algo puro apenas
o pode tornar mais imperfeito, falivel em dinâmica, efémero...

A facilidade com que se nega a existência do simples e puro,
como se negassemos um presumivel contrato com o diabo,
em que a nossa moeda seria a alma, em troca de uma felicidade
momentânea.

Quantas vezes vou aguentar estes contratos falhados?

Quantas vezes oferecerei a minha alma?

Sei que, sempre que for feliz acabarei por perder
parte de mim, nao sei quanto, mas sinto que algo...
Sei que deixo de poder sentir a parte que ja sentiu,
e o medo de o saber com cores mais negras,
como o viver de um pesadelo.

Embora nao deixe de ser uma estranha forma de superioridade,
negra como um abismo infinito, no qual aceitamos cair com orgulho,

Orgulho de quem sabe ao que veio,
constatando que o amanhã foi ontem!

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Alma Mater




As gravitações desconhecidas que nos circundam,
as poderosas forças vitais que definem tudo quanto conhecemos,
de forma inevitável e invisivelmente atractivo,
tal como todas as nossas grandes ambições.

A inocência que nunca existiu pode ser avassaladora,
se tivermos a capacidade, a maldição, de ter essa noção
de uma forma mais completa...

Mais, sempre mais,
até que seja alcançado o absoluto, o infinitamente mais...

E depois...

Tudo pára num só momento!

As pessoas tornam-se inertes, o som transforma-se em silencio,
e apenas uma brisa... uma fresca e harmoniosa brisa,
tudo acontece em câmera lenta, como se circulase no interior
de uma redoma translucida em que o tempo seria de um dominio superior.

Tudo Vem!

Numa explosão perpétua!
A ira do vento a arrastar tudo á sua passagem, a purificar
até o mais simples, até o nada absoluto!

O equilibrio estará novamente a ser o agora,
a calma será o estado mais puro e abrupto presente em tudo,
surgirá então de novo a vontade de mais...

Pois nunca seremos mais parte de tudo do que tudo é parte de nós!

Acompanhados pela Solidão







Recéptaculos de doce aroma, em conflito de ódios,
em raiva fecundante descendendo do mais profundo céu
até ao mais frio Inferno, congratulo do mais dentro
e regurgito toda a aceitação

Harmonia

Olhámos um para o outro, odiámo-nos,
o silêncio dos culpados, amigo do querer
aceita o que sai, de quem vê e de quem insiste em ter.
Deitámo-nos no extâse dos calados

Herécticos

Profana linguagem de côr libidinosa do negar o tanto querer,
do aceitar como nosso nada ter na abundância

Tudo

Ontem tivemo-nos, com corte fino de faca bem afiada,
hoje calámo-nos, para um nunca mais falar

Sempre

Esquecemo-nos de nós em sitios iguais
conhecemo-nos em sitios diferentes.

Agnose




   Inspiro o ar que não me é bem vindo até o mais dentro
de mim, suspiro-o com aquilo que me vem das entranhas,
com as coisas que não fazem lá falta.

  As lágrimas que são expulsas, elas tem a mesma origem
no mesmo ar, ele não é meu, não o quero, mas
tenho que o continuar a utilizar,
filtrá-lo e aglutinar tudo o que de mau vem nele.

  O meu corpo tenta livrar-se da contaminação,
chora e contorce-se, ora com a maior das iras,
ora totalmente letárgico numa vã tentativa de cura,
numa vil tentativa de morte.

  Negoceio comigo um fim para um novo recomeço,
embora o conceito de recomeço não deixe de transparecer
a cobarde negação dominada pelo instinto natural de subserviência e
auto-preservação que, neste ponto, não consegue deixar de me fazer
sentir inferior no entretanto, e no entanto,
um instinto completamente soberano.

  Rainha agnose, razão dona daquilo que é meu, de mim,
a realidade maior dentro da realidade,
o confronto maior com o derradeiro Fim.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Green Afterlight



Névoas laranja de ofuzcamentos lumeniscentes .
Com tragos doces e verdes que apenas apresentam
o que palpita nas coisas de dentro
a escuridão é clarividente, mostra-me pedaços de ti,
diz-me o que acontece em mim.

Como o fumo que inspira as coisas pequenas.


Da forasteira invasão absorvo,
daquilo que não vem de longe sofro
interiorizo com a vizinha Agonia
regozijo-a com uma certa alegoria

O idoso que aguarda numa esquina
com cajado velho de madeira,
que suportára tudo aquilo que sentira
envolto em névoas laranja ofuzcante

Relembrando

Os tragos doces e verdes que nos entretantos permaneceram.