quarta-feira, 23 de abril de 2014

Ilha

   Tinta sobre o papel, desenhos de palavras pintadas a preto,
gravadas pelo pensamento não reflectido, instante de sombra
sobre um momento de luz.

   Sol e água numa superfície viva de luz em estado líquido,
antes era o vapor da neblina onde o pensamento adormecido
se dissipava num conto que ficou por terminar, na história
que teima em não alcançar o seu fim, mais que por qualquer
vontade, apenas porque a vida é mesmo assim.

   O mistério apresenta-se quando se julga já se ter tudo resolvido,
no conforto da resolução de tanto se saber algo, de tanto se saber
ter, querer continuadamente e através desse querer, aprofundar
a relação ao próximo nível de proximidade.

   Debaixo da superfície viva de luz, dentro da neblina de vapor,
existe o todo que apenas nos vai sendo apresentado através
de fotos de um albúm eternamente incompleto.

   A tarde passa como o vento que sopra sobre mim,
finalmente chegaste ao banco onde espero sentado.