domingo, 8 de dezembro de 2013

Ela e o medo.

A doença da eterna ausência,
dôr com dôr sobre a dôr,
não existe antídoto para o desamor,
não existe espaço para o vazio.

Como desnascer um homem?
-Simples, eutanásia do imaculado, bebe mais um copo
de mim enquanto numa tua procura de dentro,
 adormece a miúda insegura em cama nua-

Como justificar o desmérito de uma existência?
- Existe o medo, ele dorme contigo, sussurra-te ao ouvido
que eu não posso existir, acreditas enquanto afogas o coração
no lugar das memórias-

Sei-me menor em ti e fazes-me invejar o silêncio da morte,
querida, doce, distante, etérea e sempre presente.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

domingo, 1 de dezembro de 2013

De volta à atmosfera de origem

 "E Deus disse aos seus discípulos...Eu dou-vos uma ordem...
para rezar ao Senhor por misericórdia, vida, paz, saúde, salvação,
a procura, a ausência e o perdão pelos pecados dos filhos de Deus.
Aqueles que rezarem, terão misericórdia e tomarão conta deste lugar sagrado."
(ao inverso)

   Ritual de celebração entre o profano de tomar o lugar dos deuses
e aceitar a sua própria natureza, ao mergulhar dentro da essência
pura de se ser Humano.

domingo, 17 de novembro de 2013

Fogo

Água a ferver, sob o lume de brasas e chamas que se expandem
na  tua pele desnuda, quente e suada pelo vapor de água,
dois corpos e duas almas a dançar dentro da fervura,
caldo de alquimia e desatino com um suave sabor de harmonia.

Posso morrer mil vezes na penumbra de todos os sonhos,
angústia e quedas de abismo, por entre todos os mortos,
existir apenas no esquecimento dos vivos,
quero ser aquilo que sou agora contigo.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Remeniscente

   Viajo para ir ter contigo, não me importo com a distância
percorrida, apenas me interessa estar novamente perto de ti,
sentir-me novamente completo ao ser recebido por ti,
sermos nós, novamente o ser perfeito,
apesar de toda a miséria inerente a cada uma das nossas
individualidades, sabendo que a outra metade
estará sempre pronta para lamber as feridas
que o mundo causou no outro.

   Chego perto de ti, olhas-me e dizes-me,
tás diferente, não sorris nem fazes cara feia,
apenas constatas friamente o vazio à tua frente.

   Revelas-me que eu já não existo e apenas sou um fantasma,
o meu coração que morreu em ti é agora um fantasma,
ainda bate em mim, como se tivesse vivo, acendes um cigarro,
ouves as minhas palavras como se fossem apenas memórias remeniscentes.

   Sais da minha companhia, fico sem forças,
vejo-te afastar pelo espelho a saber que sou um fantasma,
quero sair do carro e ir atrás de ti e abraçar-te para sempre
mas apenas sou um espectro sem toque nesta realidade.

   Tenho que conduzir todo o caminho de volta, parece-me infinito,
paro o carro algumas vezes para tentar respirar,
a parte que ainda se sente viva não quer abandonar a tua presença,
sinto-a morrer, a agonia de uma criança a sofrer todos os males deste mundo.

   Não consigo deixar de sentir pena por nós e choro a nossa inocência perdida.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Acropolis

   Olhos de morte, por mais que lhe queira bem,
aquele olhar enevoado de quem poderia ter engolido
mil almas, ou apenas ter perdido a sua,
continuava igual, sem resolução à vista.

Nenhum amor a fez mudar um único brilho baço.

   Eu tenho esse amor para dar, mas nenhum gesto
da minha parte parece estimular qualquer tipo de reação,
os seus olhos apontam para um sitio que desconheço,
um sitio muito longe, um sitio nem dentro nem fora do corpo,
o sitio onde os pensamentos se tornam a única realidade.
Onde os fantasmas esperam.


   Hoje faz 5 anos que a minha avó morreu,
ela gostava muito de mim e eu fiquei a vê-la
a apagar em gradiente toda a luz nos seus olhos
numa cama de um lar, sem nenhuma palavra
e sem nenhum olhar confidente.

   A casa decorada de bonecas de trapos
e retratos de familiares em cima de cómodas,
baús de roupa velha onde repousam naprons
bordados com flores, as paredes caiadas
numa superfície irregular pelas quase infinitas
camadas de cal sobrepostas ao longo dos anos,
as portadas pequenas, gastas nas arestas pelas coisas
que lá bateram, móveis, alguns passos mais descuidados
que fizeram roçar botas pesadas, passagens mais iradas
e outras mais sonolentas.

   As tardes em que brincava sozinho no chão
com exércitos de plástico, em que quase adormecia
com a cara deitada a sentir o frio, depois ia para uma cama
num quarto menos iluminado entrar em estados de hibernação,
colchão cheio de esponjas, irregular e confortável,
ficar pasmado a olhar para uma santa na parede
por cima da minha cabeça, os meus olhos fixavam-se nela
e imaginava o céu, imaginava que era confortável
como o colchão de esponjas e que o silêncio era
o mesmo que harmonizava de inquietações aquele quarto escuro.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Percurso Onírico (mais um dia em Argos)

   Pressão atmosférica demasiado elevada,
todos os sistemas biomecanicos a falhar
em cadeia, nas zonas mais frágeis da pele
abrem-se fissuras e sangram onde
existiam feridas cicatrizadas.

   Caio a cada obstáculo que se apresenta no meu percurso,
quase sempre repleto de tentativas de entender
cada dificuldade, por mais minha que seja esta experiência
de sucumbir, existe sempre alguma novidade e consequente
equilibrio, disfarçado de tudo, será sempre sentido,
em toda a sua pequenez, intimidando a criança
que se esconde por dentro ao olhar para o vazio introspectivo
residente no velho que está sentado lá mais à frente,
ainda assim, continua a brincar ao faz de conta.

   O fascínio pelas poses que ostentam a superior confiança,
o brilho obscuro de egos untados por idealismos,
apoiados por elites que brindam com sorrisos réptilianos
e punhais reluzentes atrás das costas, ostentados por
mãos lavadas.

   Sei que a certa altura vim parar a esta mesa bicuda,
não me lembro do caminho percorrido,
o rídiculo tem uma forma muito própria de nos apanhar,
um camaleão que altera os seus padrões coloridos
entre o quase divino e o racionalmente óbvio,
metamorfose de clone e aniquilação do original.

   Tenho um mapa que me foi oferecido, agora é só
decifrar o que está impresso numa cópia da cópia da cópia,
alguém sabe o caminho para onde desconheço ir?

   Não há tempo a perder, vou dar uso a um improviso,
vou pelas montanhas, já sei demasiado bem
as vertigens, existem medos, e o de cair 
de um penhasco é um doce em comparação
com a morte lenta do veneno do esquecimento.











terça-feira, 15 de outubro de 2013

Na natureza da luz diurna

Acordar, sair do sonho onde não te encontrei,
continuar a procurar-te.

   Os meus amanheceres começam sempre assim,
todos os meus sentidos sufocados pela tua ausência,
dói-me a cabeça devido à procura de uma solução,
dói-me os olhos porque ando sempre a tentar ver-te,
dói-me.

   A luz da tua presença, a imagem da tua sinhueta,
o cheiro da tua pele, os teus olhos dentro de mim,
tu a seres luz a romper a sombra que eu sou,
a palavra amor escrita a luz no meu escuro,
a origem e o fim, a eternidade, a imortalidade,
tudo o resto é em vão, as ideias, os monumentos,
a matéria, tudo acaba por ser nada, face à
singularidade pura da tua presença em mim.

 Em todo o lado encontro pedaços de ti, nas musicas,
nas nuvens, numa flor, em todas as flores, no brilho
cristalino de uma gota de água, num reflexo esbatido
de um lago, tudo aquilo que me possa inspirar uma
ideia, qualquer idealização que me invada o juizo,
faz-me tentar reconstruir-te para que estejas aqui.

   E depois o dia a chegar ao seu fim,
tal como ontem, e sei que a noite será passada
na tua procura, e sei que irei acordar a meio dela e olhar,
voltarei a fechar os olhos, e dentro, continuarei a olhar
e a procurar-te e a encontrar-te em tudo.



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

As ultimas e as primeiras palavras

   Atrito, inércia, forças castradoras ou desafiadoras,
o medo provoca paralesia ou acção, escolhe quem queres ser.

   Modo errante, bohémio irremediável, imune a razões equilibradas,
a vida é aquilo que a fantasia me faz sentir,
escolho a leveza, tento ser uma personagem
com mente dispersa aos pulos numa pista de dança.

    Solitário, nómada nas horas vagas, divagações conscientes
numa natureza livre de pessoas, limpa de julgamentos,
realidade solar, a luz e o silêncio das palavras, eu sou.

   Não consigo lidar da melhor forma com as rotinas,
as obrigações condicionam o tempo das pessoas,
passam-se os dias e as semanas e entretanto estão velhas,
como eu estou, saturado de saber que cada vez vale menos a pena
preocupar-me com todas estas coisas que no fim se resumem
a nada.

   A vida passou tão depressa, devia ter aproveitado melhor os
passeios ao sol, devia ter dito que amava mais vezes,
mesmo sem receber de volta tal reconhecimento,
afinal de contas o amor existe dentro da solidão reconhecida
de cada um e o alvo de tal sentimento difícilmente
irá entender a grandeza que lhe é dedicada,
senão conseguir ver o seu próprio reflexo em mim.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Amor nas Ruínas

   Descobri dentro da casa em ruínas um busto de mulher,
depois de longas observações constatei
que ele era perfeitamente simétrico,
apesar de ter sido contemplado pela minha imperfeição.

   Lá fora uma tempestade aproxima-se,
um arco-íris quádruplo rapidamente é formado,
corro para a minha máquina fotográfica,
claro que chego tarde demais.
aquela sensação de urgência,  no entanto,
não olho para ele mais que num curto passar de olhos,
de qualquer das formas, é efémero, tal como seria a fotografia
do mesmo, tal como qualquer outra tentativa de imortalização
de um Homem, o tempo tem o seu vagar para apagar
todos esses vestígios.

   No caminho para sul, a estrada está cortada,
esperamos que a maré baixe, um rio de forças brutas
a atravessar a estrada, quando correr toda a água que
tenha para correr, passamos, mais á frente,
a lava ardente rasga o alcatrão da estrada,
avanço até onde já poucos carros quiseram avançar,
talvez a maioria das pessoas se tenha resignado
a esta tentativa fugaz de escapar do fim,
eu continuo, não em desespero,
mas se é para acabar, mais vale ver paisagens novas,
mesmo sendo elas de total destruição,
pois se existo agora, esta é a minha realidade e o meu mundo.

   Uma rapariga caminha na minha direcção com olhar tímido,
gosto do cabelo dela e dos seus passos confiantes,
sinto-a em mim, como a fragilidade de uma flor,
como a imortalidade de um diamante,
o tempo precisará de todo o seu tempo
e o fim nunca esteve tão próximo.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Transatlanticismo

  As paixões surgem sempre de uma colisão,
algumas, aparentemente, decididas por nós, as outras,
as surrealmente maiores, surgem do caos,
de uma ordem alheia ao nosso entendimento.

   Numa noite em que tudo ardia no centro da povoação,
em que tudo estava coberto pelo frio mais gélido
que possa ser sentido, do interior até à pele,
o calor libertado aquecia aqueles que circundavam
em contemplação da madeira a ser transmutada em brasas
com as labaredas a dançar desconcertadamente,
acenando em desespero para uma lua de inverno
que as olhava pálidamente do espaço infinito.

   Estou só.

   Noutra noite senti o peso das pálpebras em dôr,
os meus olhos ansiavam por uma hibernação
que nunca iria chegar em tempo certo,
a necessidade de uma definição
é sempre o tema principal das esperas,
nessa noite parecia-me dia irradiado
por um sol reflectido numa lua morta.

   Necessito-te mais perto.

   A mil à hora, tudo passa numa velocidade terminal,
dou por mim a divagar kilómetros, horas de kilómetros à hora,
mil anos numa hora, todas as coisas simultaneamente a acontecer,
muitas delas passam por mim em sentido oposto,
são apenas vislumbres arrastados, luzes disformes em fuga,
passam por mim em tangentes quase desafiadoras, quase.

   Onde estás?

   Em busca de tranquilidade nas ruínas de um templo
infestado de almas perdidas, sob céus negros em suspensão,
prestes a cair com todas as suas culpas e fraquezas
sobre as nossas consciências incompletas de certeza
e repletas de pensamentos de criança perdida.

   Muito mais perto.

   O medo tem uma forma muito peculiar de nos abraçar,
as articulações moem os ossos num atrito industrial,
manufacturação em linha de dôr, alma parcialmente amputada,
fazendo-nos sentir impiedosamente vivos,
sempre que a parte que já lá não está ainda tenta alcançar,
precipitando-nos em quedas de abismo infinito.

   Naquela noite necessitei de te ter muito mais perto,
ao imaginar que nunca mais serias minha,
ao sentir o que é ser uma ilha exilada de um continente.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Materialização de um sonho

  
    Três dias e três noites e  faltam-me as palavras,
sei que posso fazer aquilo que quiser,
falta-me o ar e o apetite, falta-me o raciocínio lógico habitual,
teimo em sair deste sítio feito de ti,
berço de carícias eternas e de poucas palavras,
tento escrever este tempo mas ainda estou demasiado próximo,
porque as palavras não sabem fazer sentir
a respiração sobre a pele quente.

  Tenho os sentidos embriagados pela tua presença,
os teus olhos a tocarem os meus, a tua pele suave
como a pele das fadas deveria ser, o teu cheiro de flor
que não é o cheiro da roupa, a tua boca e o teu ar,
eu a respirar o teu ar enquanto dormes,
eu a respirar-te e tu a nutrires uma parte de mim
que eu julgava estar morta.

  Os teus olhos falam-me de sítios por onde já viveste aventuras,
identifico-me de alguma forma com essas aventuras,
como se lá tivesse estado contigo,
descubro que nunca tinha estado contigo
em circunstancia alguma mas, aceito a minha inexistência
dentro de toda a tua existência como se fosses um universo
originário de todo o meu ser.

   Eu a adormecer no oceano que tu és, mulher,
tranquilidade absoluta dentro de uma inquietação infinita.

   Se nunca ninguém disse, se existem dias em que
as mais selvagens idealizações são ultrapassadas
em todas as suas fugas honíricas pela realidade,
se nunca ninguém viu, eu hoje posso afirmar
com todas as certezas que a vida consegue
germinar rosas vermelhas em cima de uma rocha inerte.

sábado, 5 de outubro de 2013

Reconhecimento




   Três dias e três noites e  faltam-me as palavras,
falta-me o ar e o apetite, falta-me o raciocínio lógico habitual,
tento escrever este tempo mas ainda estou demasiado próximo,
tenho os sentidos embriagados pela tua presença,
os teus olhos a tocarem os meus, a tua pele suave
como a pele das fadas deveria ser, o teu cheiro de flor
que não é o cheiro da roupa, a tua boca e o teu ar,
eu a respirar o teu ar enquanto dormes,
eu a respirar-te e tu a nutrires uma parte de mim
que eu julgava estar morta.

Eu a adormecer na tranquilidade do oceano que tu és.

   Se nunca ninguém disse, se existem dias em que
as mais selvagens idealizações são ultrapassadas
em todas as suas fugas honíricas pela realidade,
se nunca ninguém viu, eu hoje posso afirmar
com todas as certezas que a vida consegue
germinar rosas vermelhas em cima de uma rocha inerte.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Diário do Sonho

Sei que posso fazer aquilo que quiser,
vou sair deste sítio feito de ti,
é o meu objectivo óbvio,
de tão óbvio que ele é consigo manter-me sempre
mais um pouco nesse teu doce veneno,
berço de carícias eternas e de poucas palavras,
porque as palavras não sabem fazer sentir
a respiração sobre a pele quente.

Os teus olhos falam-me de sítios por onde já viveste aventuras,
identifico-me de alguma forma com essas aventuras,
como se lá tivesse estado contigo,
descubro que nunca tinha estado contigo
em circunstancia alguma mas, aceito a minha inexistência
dentro de toda a tua existência como se fosses um universo
originário de todo o meu ser.

Vou-me embora.

   Mas antes quero estar mais um pouco contigo,
eu já sei que vou acordar e certamente
esta vai ser a única vez que vou estar na tua etérea presença,
és feita de pedaços de idealização fabricada
na minha subconsciência, mulher,
tranquilidade absoluta dentro de uma inquietação infinita,
dizes-me; Sempre fui e nunca serei de ninguêm, nem de ti.

sábado, 31 de agosto de 2013

Agora e Sempre

   Na ribalta das luzes nocturnas, nas ruas estreitas de pedra
entre casas antigas, existiriam passos e palavras ditas
numa novidade de sensibilidade crescente,
com o cheiro da cidade misturado com dois pensamentos distintos,
e no mesmo tempo iguais, em colisão desejada,
a gravidade de dois corpos e os passos paralelos de cada um
a insistir quebrar todas as regras através da vontade maior.

Talvez fossemos um único corpo se o universo o permitisse,
talvez já o sejamos e não o conseguimos provar,
pois apenas a presença física consegue ser soberana
face a todas as idealizações a que nós, sonhadores,
teimamos em ser.

 

domingo, 25 de agosto de 2013

Ensaio

   É as palavras escritas no vazio das ideias inacabadas
é as figuras desenhadas a luz quando fechamos os olhos,
luz branca que rasga a escuridão do abismo interior
intensa, tão intensa que até consegue rasgar 

o próprio ar que a rodeia
é o príncipio e o fim de tudo, é o big bang da alma,
é um universo e eu sou um ponto de luz que não se vê nele
e sou apenas isto, ao saber que se é engolido, 

em posição fetal, por ser a mais segura, 
por ser a única posição genuína, 
enquanto esta luz me consome.

sábado, 8 de junho de 2013

?

   Escrevo com a sombra da minha caneta,
a luz que se dá sobre o papel não é certa,
ainda assim, a sombra continua a escrever
invariavelmente.
   As palavras teimam na sua falta de originalidade,
o inverno é sempre mais introspectivo que apenas
a memória que ele faz, a clareza de pensamento
é uma caracteristica única da retrospectiva.
   As ideias não passam de simulações inconcretas
neste fluxo incompreendido de singularidades
dispersas de olhares contemplativos.
   Hoje sou tanto quanto um mero receptáculo
de existencias alheias, numa dimensão infinitamente
maior que eu mesmo.