terça-feira, 3 de maio de 2011

Tempos Estranhos


Em fuga, conduzir com destino incerto,
ir até sentir alguma vontade maior de parar.

Ultimamente tenho andado perdido,
sem saber onde empregar energias construtivas,
dou por mim a divagar quilómetros,
horas de quilómetros à hora, mil anos numa hora.

A maior novidade de ontem,
ter que mudar um pneu furado quando era quase noite,
as pessoas que passavam por mim estavam atentas à minha tarefa
visto estar a parado a seguir a um semáforo,
não faço ideia o que pensariam,
talvez reparassem no colete deflector sujo de estar atrás de um banco
há mais de dois anos sem ser usado,
talvez se recordassem da ultima vez que tiveram um furo e
a consequente tarefa de mudar um pneu.

Antes, fui de encontro a vestígios de outros tempos,
tentar encontrar uma razão num menir ou num cromeleque,
sentei-me numa pedra côncava a imaginar,
possivelmente esta pedra teria sido onde se sentavam
os mais pensantes da altura ou os mais doentes, ou até,
talvez, podia ter sido como uma espécie de berço para recém nascidos,
seja como for, sentei-me e tentei perceber-me.

Dei por mim a tentar entender as aves
a linguagem usada por um casal de pombos que por ali esvoaçavam,
andam todos à procura uns dos outros, machos e fêmeas,
a natureza de todos animais é basicamente a mesma, seja num simples piar,
seja numa poesia de escrita infinita, só muda a complexidade,
simples ou complicada.

Uma das provas que ando mesmo perdido é o meu estômago,
ando sem apetite, cheguei a casa e comi um prato de sopa,
o meu estômago agradeceu-me a coragem,
fiquei sentido pela gratidão demonstrada por ele.

Vou dormir sem esperas para ver
o que o meu subconsciente tem para me mostrar
espero acordar amanhã noutro modo,
num mais simples seria bom.