terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Conversinha


Mal sabia eu, depois de mais uma soturna saída nocturna
na véspera de outro sábado suado, quem eu fui encontrar.


Dois olás e uma sensação de pudor malcheiroso a boiar,
ar espesso de quem está só numa noite fria,
imerso no mais puro de um ser consigo mesmo,
tudo o que é invariávelmente estranho fica á superficie.




Lição

-Olha que se fáz tarde e o ano está a terminar,
dá tempo pra um café e um copo de água?
-Dá, mas parece que devo ter mais que fazer.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Rua Solar


Desço a rua num passo leve de quem caminha ao ritmo
a que decorre um pensamento de sonhar acordado,
paro e penso, sou tal e qual eu sou, tal e qual,
retomo a descida da rua e aceno com a cabeça para os lados,
nego e sorrio quase ingénuamente em quatro passos.


Digo apenas pra mim, há comportamentos caracteristicos
do ser, excepções no trato do mesmo manifestam-se
em alterações no comportamento, ainda que que nunca
deixem de ser comportamentos caracteristicos do mesmo ser.


Chego á porta de casa e sento-me no degrau de pedra fria,
o sol que repousa levemente sobre mim, luz que abraça
o mais sentido frio, mais frio que o da pedra onde estou,
fecho os olhos e aguardo por qualquer pensamento indistinto,
resta-me o circular sanguíneo que se encosta perto dos poros
que aquece e faz uma maior distinção no interior de sensações.


Frio.


Morno.


Até que, apenas o insensível tépido.