segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Agnose




   Inspiro o ar que não me é bem vindo até o mais dentro
de mim, suspiro-o com aquilo que me vem das entranhas,
com as coisas que não fazem lá falta.

  As lágrimas que são expulsas, elas tem a mesma origem
no mesmo ar, ele não é meu, não o quero, mas
tenho que o continuar a utilizar,
filtrá-lo e aglutinar tudo o que de mau vem nele.

  O meu corpo tenta livrar-se da contaminação,
chora e contorce-se, ora com a maior das iras,
ora totalmente letárgico numa vã tentativa de cura,
numa vil tentativa de morte.

  Negoceio comigo um fim para um novo recomeço,
embora o conceito de recomeço não deixe de transparecer
a cobarde negação dominada pelo instinto natural de subserviência e
auto-preservação que, neste ponto, não consegue deixar de me fazer
sentir inferior no entretanto, e no entanto,
um instinto completamente soberano.

  Rainha agnose, razão dona daquilo que é meu, de mim,
a realidade maior dentro da realidade,
o confronto maior com o derradeiro Fim.

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