segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Materialização de um sonho

  
    Três dias e três noites e  faltam-me as palavras,
sei que posso fazer aquilo que quiser,
falta-me o ar e o apetite, falta-me o raciocínio lógico habitual,
teimo em sair deste sítio feito de ti,
berço de carícias eternas e de poucas palavras,
tento escrever este tempo mas ainda estou demasiado próximo,
porque as palavras não sabem fazer sentir
a respiração sobre a pele quente.

  Tenho os sentidos embriagados pela tua presença,
os teus olhos a tocarem os meus, a tua pele suave
como a pele das fadas deveria ser, o teu cheiro de flor
que não é o cheiro da roupa, a tua boca e o teu ar,
eu a respirar o teu ar enquanto dormes,
eu a respirar-te e tu a nutrires uma parte de mim
que eu julgava estar morta.

  Os teus olhos falam-me de sítios por onde já viveste aventuras,
identifico-me de alguma forma com essas aventuras,
como se lá tivesse estado contigo,
descubro que nunca tinha estado contigo
em circunstancia alguma mas, aceito a minha inexistência
dentro de toda a tua existência como se fosses um universo
originário de todo o meu ser.

   Eu a adormecer no oceano que tu és, mulher,
tranquilidade absoluta dentro de uma inquietação infinita.

   Se nunca ninguém disse, se existem dias em que
as mais selvagens idealizações são ultrapassadas
em todas as suas fugas honíricas pela realidade,
se nunca ninguém viu, eu hoje posso afirmar
com todas as certezas que a vida consegue
germinar rosas vermelhas em cima de uma rocha inerte.

2 comentários:

Red Angel disse...

Porque o sentir traz-nos uma nova realidade...

Unknown disse...

Palavras escritas noutros tempos que, ao lê-las eu agora, espero que me aceitem como sendo parte delas. Sinto-me eu parte delas. E identifico-me com essa rocha. Soube, em tempos, que o amor nos faz rir - e tenho-o sentido chorar em mim; mas aprendi ser possível encontrar esperança numa vida em descrença.