sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Amor nas Ruínas

   Descobri dentro da casa em ruínas um busto de mulher,
depois de longas observações constatei
que ele era perfeitamente simétrico,
apesar de ter sido contemplado pela minha imperfeição.

   Lá fora uma tempestade aproxima-se,
um arco-íris quádruplo rapidamente é formado,
corro para a minha máquina fotográfica,
claro que chego tarde demais.
aquela sensação de urgência,  no entanto,
não olho para ele mais que num curto passar de olhos,
de qualquer das formas, é efémero, tal como seria a fotografia
do mesmo, tal como qualquer outra tentativa de imortalização
de um Homem, o tempo tem o seu vagar para apagar
todos esses vestígios.

   No caminho para sul, a estrada está cortada,
esperamos que a maré baixe, um rio de forças brutas
a atravessar a estrada, quando correr toda a água que
tenha para correr, passamos, mais á frente,
a lava ardente rasga o alcatrão da estrada,
avanço até onde já poucos carros quiseram avançar,
talvez a maioria das pessoas se tenha resignado
a esta tentativa fugaz de escapar do fim,
eu continuo, não em desespero,
mas se é para acabar, mais vale ver paisagens novas,
mesmo sendo elas de total destruição,
pois se existo agora, esta é a minha realidade e o meu mundo.

   Uma rapariga caminha na minha direcção com olhar tímido,
gosto do cabelo dela e dos seus passos confiantes,
sinto-a em mim, como a fragilidade de uma flor,
como a imortalidade de um diamante,
o tempo precisará de todo o seu tempo
e o fim nunca esteve tão próximo.

1 comentário:

Red Angel disse...

Vishnu foi finalmente derrotado pelo deus Shiva... Mas a ultima palavra é de Brahma, o criador e assim "o tempo precisará de todo o seu tempo" e o fim nada mais é do que o inicio de outra coisa qualquer...
...onde a rapariga continua a dar os seus passos.


PS: Shiva não é um deus mau, ele é os três num só :-)