Demasiado parecidos, diz que somos demasiado parecidos,
se nos defeitos, nas virtudes ou na sensibilidade permeável,
não diz, em qual desses aspectos, apenas diz que somos
demasiado, em excesso, à partida, ser parecido com alguém
deveria ser uma coisa positiva, mas quando se usa essa
categorização como defeito, significa várias coisas,
a paranóia, o pessimismo, a descrença, a superficialidade
forçada e a negação de si mesmo através de uma análise
espelho aos defeitos intrínsecos reflectidos no outro.
Corre o mito juvenil que os opostos se complementam, existem,
pessoas que acreditam nestas palavras, as mesmas que usam
frases do tipo "só me arrependo daquilo que não fiz"
como se a ousadia de errar fosse sabedoria maior, certamente,
todo o assassino necessita de uma vítima, uma relação em que
se confirma esta teoria, agora, virem-me dizer que existem
pessoas que não se podem relacionar porque são demasiado
parecidas, quando a procura, aquela que não se procura,
mas que se encontra, a mais refinada das descobertas,
são, na verdade, duas pessoas do mesmo carácter e valores,
com experiências e vivências singulares a cada uma,
que irão aprimorar-se uma à outra através de uma partilha maior,
evolução maior que apenas um entendimento e uma sensibilidade
comum podem alcançar.
Demasiada saúde, demasiado feliz, demasiado completo,
demasiado perfeito.
Existem pessoas que, simplesmente, precisam de sofrer
um pouco mais até que entendam a demência da sua ilusão
intelecto-aristocrata, que pegam em metáforas e as usam
indiscriminadamente, desprezando o poder mortal
e ambíguo das mesmas.
Talvez lhe seja demasiado cedo para um maior entendimento.
2 comentários:
Prefiro a que nos diz que "os opostos se distraem e os dispostos se atraem". Almas semelhantes fazem-nos bem. São precisas e dificeis de encontrar.
"Talvez lhe seja demasiado cedo para um maior entendimento."
Lá está algo que interiorizei já há muito tempo: o tempo dobra-se para cada um de nós, ilude-se quem pensa que são os ponteiros de um qualquer relógio que lhe marca o compasso…
Einstein também falou disso, mas numa perspectiva mais abrangente :-)
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