quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Demasiado Atento

   Demasiado parecidos, diz que somos demasiado parecidos,
se nos defeitos, nas virtudes ou na sensibilidade permeável,
não diz, em qual desses aspectos, apenas diz que somos
demasiado, em excesso, à partida, ser parecido com alguém
deveria ser uma coisa positiva, mas quando se usa essa
categorização como defeito, significa várias coisas,
a paranóia, o pessimismo, a descrença, a superficialidade
forçada e a negação de si mesmo através de uma análise
espelho aos defeitos intrínsecos reflectidos no outro.

  Corre o mito juvenil que os opostos se complementam, existem, 
pessoas que acreditam nestas palavras, as mesmas que usam
frases do tipo "só me arrependo daquilo que não fiz"
como se a ousadia de errar fosse sabedoria maior, certamente,
todo o assassino necessita de uma vítima, uma relação em que
se confirma esta teoria, agora, virem-me dizer que existem
pessoas que não se podem relacionar porque são demasiado
parecidas, quando a procura, aquela que não se procura,
mas que se encontra, a mais refinada das descobertas,
são, na verdade, duas pessoas do mesmo carácter e valores,
com experiências e vivências singulares a cada uma,
que irão aprimorar-se uma à outra através de uma partilha maior,
evolução maior que apenas um entendimento e uma sensibilidade
comum podem alcançar.

   Demasiada saúde, demasiado feliz, demasiado completo,
demasiado perfeito.

   Existem pessoas que, simplesmente, precisam de sofrer
um pouco mais até que entendam a demência da sua ilusão
intelecto-aristocrata, que pegam em metáforas e as usam
indiscriminadamente, desprezando o poder mortal
e ambíguo das mesmas.

Talvez lhe seja demasiado cedo para um maior entendimento.

2 comentários:

Unknown disse...

Prefiro a que nos diz que "os opostos se distraem e os dispostos se atraem". Almas semelhantes fazem-nos bem. São precisas e dificeis de encontrar.

Red Angel disse...

"Talvez lhe seja demasiado cedo para um maior entendimento."

Lá está algo que interiorizei já há muito tempo: o tempo dobra-se para cada um de nós, ilude-se quem pensa que são os ponteiros de um qualquer relógio que lhe marca o compasso…

Einstein também falou disso, mas numa perspectiva mais abrangente :-)