quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A Torre

  Dentro de cama coberta entramos com a curiosidade desperta,
aconchegamo-nos ao calor crescente dos lençóis que nos envolvem,
ela encosta-se a mim como se me conhecesse as formas do corpo,
as formas de encaixe que mais entendem uma mente irrequieta,
e uma simbiose com arrepios de pele quente é-nos apresentada.

   Lá fora a cidade acontece sem a nossa presença,
estamos numa dimensão de tempo interior a nós,
protegidos pela gravidade deste universo recém descoberto,
respiro este ar que compõe a sua atmosfera de sentidos,
os ponteiros do relógio que contam este tempo,
giram alternadamente ao ritmo de cada instante,
em que as horas crescem até ao infinito.

  Deitado na cama, vejo-te a olhar as luzes lá de fora pela janela,
a escutar os sons misturados de vidas alheias a acontecer,
a tua pele nua reflecte o brilho ténue da pouca luz que entra
neste universo só nosso, toco-a porque a gravidade ordena-me,
voltamos à nossa órbita que passa entre esta noite quieta e as
palavras de um soneto escrito por um deus que contemplou
Vénus pela primeira vez.

   Na vertigem do topo desta torre de esmeralda,
onde as ideias são pertença de um desígnio maior,
eu e tu a sermos a génese do tempo real, mesmo sendo finitos,
com um simples toque vimos nascer a imortalidade num instante.


1 comentário:

Red Angel disse...

Aproveita a visão que tens dessa tua torre (seja ela de esmeraldas ou outra coisa qualquer...)

O que sentes ao contemplar essa visão?
Acreditas mesmo nessa condição de finitude?
Não sentes mais do que isso?



Qual é o teu propósito aqui?
Nasceste por acaso? Acreditas tu no acaso?


(desculpa a abundância de interrogações)