terça-feira, 20 de maio de 2008

Nevoeiro Circunstancial


Vapor em suspensão, frescura hidrica que se mantém,
mistura fina de ar e água que contacta com cada poro,
hidrata a alma, obriga a ver melhor apenas o que está mais perto,
antes de olhar o horizonte, observo o chão que piso, assim dita,
inspira o mistico mundo dos sonhos quanto mais desperto estou,
quanto mais imagino o que está depois da cortina branca de seda.


Pela abstração ao que invade, complica e dispersa
minimalizo e simplifico.

Quem sou eu?
Porque pergunto por mim?


Hum?


Conduzo-me e introspecto-me, devo deixar a opinião alheia,
aquela que não a minha, aquela que nada se parece com o que é,
tenha o peso que devéras tem?

Como pesa, faz-me doer as costas tudo o que suporto,
porque o permito ser em mim, apesar de não o ser,
porque se o admito negado, pesa na mesma,
o próprio exercício interior tem a sua gravidade.

Permito mais um pouco, aquilo que for necessário,
até me atribuir na amálgama o meu papel,
porque enquanto permitir a opinião alheia só divido o meu tempo
com um mundo que jamais terá a capacidade de se importar,
tanto quanto aquilo que eu sei que tenho que me importar
até me conseguir alcançar, bebo mais um pouco
desta taça repugnal.


Quando quiser absorver todos no sentir que sentem,
que são ou que anseiam por vir a ser, deixo-me,
permito-me aceitar e impero sempre, naquilo que os fracos
e as minhas tristes putas tecem enredos de forma possante,
sem limites, ao alcance da vista composta de olhos pequenos,
tornam-se hibridos entre pessoas e mamiferos de pés caprinos,
que mijam ás gotas o seu veneno, outros, que na sua doce inocência
o lambem do chão sujo com ansia e gritam ao mundo que sabe a fél.

Admitindo isto, minimalizo e simplifico, e tenho a certeza
que o que existe depois da cortina branca, é sonho consciente
em que a escolha é senhora soberana, ninfa inspiradora paciente
e não hibrido de uma qualquer espécie que sopra aos ouvidos
com lingua bífida.

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