domingo, 25 de maio de 2008

O Mal de Viver


Gotas cristaslinas, com brilho cintilante frio e cheio de vida,
que ainda de um quase estéril destilamento, transportam juras
de novos principios, sejam nas trevas ou nos breves olimpos,
de clareza profana e celestial num só.

Somos lobos, uivamos sempre ao esplendor do que reflecte na água,
choro da alma, grito sentido desta bizarra constante solidão,
aquela que todos os dias, sempre a alguma altura do dia,
seja ao encerrar ou ao abrir das cortinas feitas de palpebras,
seja num momento absoluto de surpresa, aquilo que nos invade
sem uma explicação alcançável pela nossa lógica pseudo-imortal.

Lobos que atacados somos pelas dentadas ferozes
do inverno exterior, estejamos sós ou em conjunto,
nunca conseguiremos morder com a mesma intensidade do frio,
e em matilha, a única alternativa é lambermos as feridas
em busca de algum alívio que apazigue esta interna e crónica dor.

O mal de viver que nunca cessa, o mal de viver que nos ensina
onde fica o sitio do nosso humilde lugar.