quinta-feira, 19 de junho de 2014

Ar

   No meio da avenida dos pregadores há promessas,
existe a meio dela duas atmosferas, estão em colisão,
no centro desta mesma colisão invisível de atmosferas
é formada uma cortina de vento ascendente.

   Sou convidado a entrar nesse centro ascendente,
o meu corpo eleva-se mais rápido do que a mente
espera, ela continua acente no chão, agora
por baixo de mim, de alguma forma, consigo
sentir-me a subir numa vertigem enquanto
o meu pensamento ainda julga incrédulo
as capacidades de ascensão que o mesmo
corpo onde pertence esta mesma mente
experimenta agora.

   De cima consegue ter-se uma vista mais abrangente
da avenida, aquilo que tantos apregoam às portas
das suas casas, o sentido da vida, as massas boquiabertas
de gente a engolir as diferentes verdades,
uma massa sôfrega pelo amparo, que essas mesmas verdades,
lhes irá curar o mal, do medo antes de adormecer.

   O conforto e a luxúria, a felicidade e o amor,
atropelam-se nas filas, a ver se lhes calha
em primeiro lugar os oásis sagrados,
na avenida vendem-se oásis com stock limitado,
na altura deste vento ascendente existe
apenas a percepção completa do mundo, e o ar,
este que me rodeia, é oferecido a quem o quiser respirar.


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