terça-feira, 14 de outubro de 2008

Quieto


O ar respirado, ele não é meu, respiro-o e não me pertence,
ar respirado cheio de tudo, enche-me os pulmões e passa,
através deles para todos os meus restantes orgãos,
para o que resta do meu corpo, até ficar também cheio.


Este ar que não é meu, e está cheio de tudo o que
não se diz e o que não se percebe, porque não é falado,
ninguêm se atreve a falar numa lingua que não compreende,
que a conhece no mais intimo, mas não compreende.


As memórias jovens da infância, quanto mais lembradas, mais vivas
e verdes, como acontecimentos que tivessem a ocorrer
pela germinada primeira vez, numa realidade de instantes,
passados que são novamente o presente e flutuam,
flutuam à minha frente sob este ar alheio que respiro.

2 comentários:

almas disse...

Tudo o que nos envolve, move e comove, mais uma vez,...ninguém compreende,... será mesmo que não compreendem? ou não querem compreender?...não é fácil ser-se frágil, ser-se sentimental, ser-se portador de sofrimentos banais, ser, afinal, tão semelhante a aqueles que nos rodeiam...

Mas tu és, diferente...sorte ou azar?...a vida vai dizer

DarkViolet disse...

Cada pormenor que existe no espaço embala-se em cada Ser, perfura e volta ao seu estado