terça-feira, 25 de março de 2008

Amanhecer



No caminho de casa observo árvores diferentes de tonalidade
talvez por a noite ter sido longa, talvez por o sentir
se fazer manifestar com o desinteresse de quem deixou de acreditar,
despreocupação que demora sempre algum tempo a aceitar,
o tempo que leva uma vida, quanto tempo leva uma vida?




O verde da folhagem das árvores é de uma côr mais seca,
como troncos, elas estão comigo nestes amanheceres,
porque normalmente tento aceitá-las como elas são e não consigo,
fazendo-me fechar ainda mais na minha auto-repulsa,
mas neste ultimo caminho senti-me com as árvores,
em quietude, partilhá-mos o mesmo silêncio.




Por vezes sou apenas uma árvore de seca folhagem
que não sabe que está prestes a cair no alto do monte
tendo apenas a pista de um explicito desenraizamento
que desde sempre fez parte de mim, e me permite errar.










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