segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Sólidos




Em casa de vívidas recordações estamos, em pé, no sofá,
todos expectantes por um estimulos maior, por informação
que nos alerte e consolide de alguma forma, embora a saibamos
esperamos por ela como se de uma grande novidade se tratasse.



O Pai e o Avô sentaram-se o mais relaxadamente que conseguiram,
assistiam em conjunto a mais uma noticia de guerra na televisão,
comentaram com uma quase justa indignação, mas o dia teve outro
centro de atenção mais gravitico, tornando-o unico no seu passar,


É um dia especial, hoje nasceu a primogénita (da) união,
hoje começa tudo do inicio.


Celebrado momento que, só por si, criou um portal no tempo,
em que se retrocede passando através dele, e por hora,
permanecendo no inicio o tempo desejado, o tempo no tempo
em que tudo era impossivel de saber, em que os maiores medos
e desejos se faziam sentir no profundo respirar.


Momento em que, ao passar através de tal unico evento,
são percorridas na memória daqueles que até então, tiveram parte
e pereceram de alguma forma, mas em vez da triste recordação
dos seus fins, apenas os melhores momentos em vida, em comunhão,
com as alegrias e tristezas, num vislumbre de imortalidade.



Minutos de reconciliação com os males indesejados,
males que atormentam sem a intensidade que tão usada,
acabaria por ser não merecida.


No dia, sentimos os nossos,
hoje celebramos a comunhão de todos.




terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Sabor da Coragem


A escuridao cairia sobre nós, aqui no mais alto, no pico do terror,
neste edificio abandonado, nesta carcaca metalica enferrujada,
sob a forma de prova de fogo em que nos seria colocado um enigma,
algo maquiavélico em que a sua resolução prometeria ser vital,
estrondosamente terrível.

Imagino-me a centimetros de um abismo, apenas posso existir nestes
trinta e cinco centimetros de relativa seguranca que o betão oferece,
passou tanto tempo, estou exausto mas nao posso adormecer.
Nao estou sozinho!

Se estivesse sozinho deveria sentir-me mais só, mas nao acontece,
somos três e estamos sós com toda a nossa solidão multiplicada.
Vivemos a experiência em constante alerta, pergunta-se em silêncio,

"Quem irá cair primeiro...?"

Tenho medo de cair, estou apavorado, agarro-me a uma janela,
sinto o aluminio frio, sinto-o, uma azeda combinacao
entre protecção e maldição, o frio do aluminio enaltece o meu pavor,
a minha nocção de realidade cresce, nunca me senti tao vivo.

Tenho que sair deste sitio, se tivesse sozinho ja teria desistido,
teria fechado os olhos e aceitado a minha queda como um presente
que ofereceria a mim mesmo.

Mas nao mo posso permitir, estou acompanhado.
A minha esperanca nao vai ser a primeira a cair.
Tenho que encontrar uma solucao, espero que alguem se lembre,
espero que alguêm se lembre de mim.


Nao tenho ninguem.
Ninguem se vai lembrar!

Consegue superar o meu medo de cair, nao existo, nao sou.
Nao sou digno de ter medo, não devo sequer considerar nada
nao existo, nao sou nada!

Se tivesse alguêm a minha espera teria feito como o quarto elemento
encontrava-se conosco á uns dias, não sei quantos, perdi o tempo,
ele apenas permaneceu nesta carcaca metalica alguns minutos,
eu disse-lhe pra usar um cartao com dois metros como asas,
que tudo iria depender da vontade dele...

Ele saltou sem qualquer receio, depois das minhas palavras,
ele estava feliz, estranhamente conseguiu planar como uma pena
harmoniso vôo feito á mais suave brisa.
Com a alegria dele foi tambem a luz e o calor que me deu força.

Eu sei que em tempos teria quem se lembrasse de mim,
quem se sacrificase por mim pra me salvar deste triste fim,
mas no entanto...
Apenas poderia clamar por misericordia para que tu,
friamente me ouvisses.
E nesse precisso momento saberia e deixaria de existir
mais tarde sozinho, saltaria do maior abismo que houvesse
apenas para escapar deste limbo entre o Ser e o Nao Ser.

Entao Conhecer-me-ia.

Tenho Medo...